A coordenadora do LABETS, Prof.ª Juliana Bastos, atuou como membro de comitê científico e coordenadora de grupos de trabalho em duas ocasiões durante o ano de 2021.
G.T. “Onde está o outro? Epistemologias do som e imaginações sônicas”
Na segunda edição da Conferência Internacional de Pesquisa em Sonoridades (CIPS), intitulada “Sonoridades fronteiriças”, o GT em questão contou com a coordenação de Thaís Aragão (UFC), Rui Chaves (UFPB), Juliana Carla Bastos (UFPB) e Henrique Souza Lima (USP).
Reproduzimos abaixo o texto da chamada de trabalhos na íntegra:
Conhecer o som, conhecer com o som: estes dois modos epistêmicos são parte de um leitmotiv de pesquisa em constante expansão (i.e., estudos do som), buscando estabelecer bases necessárias para novos conceitos e abordagens metodológicas. Como esse conhecimento está sendo feito, especialmente em relação ou resposta ao “outro” axiológico em pesquisa? Que ferramentas conceituais vêm sendo desenvolvidas e usadas na transformação do som em objeto de estudo? Se quem observa constitui o que está sob observação, saber quem são as pessoas, que lugar elas ocupam e que tempo elas vivem são dados importantes para pensarmos sobre como estamos construindo o próprio saber sobre o som, e sua pertinência dentro da ecologia dos saberes. Evocamos aqui a ideia de imaginações sônicas: um pensamento plural, capaz de nos permitir experimentar outras perspectivas ou mesmo criar novas. Como aquele que observa ou discute engloba o outro (humano ou não humano) sendo observado dentro de um paradigma relacional e locacional? Gostaríamos de convocar a possibilidade de fabulações críticas ou imaginações sônicas e abordagens conceptuais orientadas para o pensamento intersubjetivo, multivocal e não essencialista, em que o som como objeto de estudo se enrede em ecologias de conhecimento, oferecendo perspectivas únicas a partir do Sul Global.
Merecem atento debate ricas práticas sonoras que, mesmo desenvolvidas em meio a condições socioeconômicas precárias, trazem implicações micro e macropolíticas relevantes. Assim, é necessária uma visão crítica instigada por abordagens imaginativas e especulativas, capaz de apontar limitações nas epistemologias sonoras mais correntes e oferecer novas perspectivas. A partir deste marco, incentivamos a submissão de propostas que enfatizam interrogações e proposições sobre aspectos teórico-metodológicos da pesquisa em som, desde seu próprio estatuto de objeto epistêmico aos desenhos metodológicos das investigações em curso:
O GT aconteceu com apresentação de 17 trabalhos de autores do Brasil, Canadá, Estados Unidos e Israel, subdivido em quatro sessões. Para mais informações, acesse a página geral do evento clicando aqui.
Este grupo de trabalho integrou a programação do X ENABET – Encontro da Associação Brasileira de Etnomusicologia, com a coordenação de Juliana Carla Bastos (UFPB) e Jonas Soares Lana (IFRJ/UFRJ).
Diante do momento histórico que o planeta atravessa com a pandemia de COVID-19, o objetivo deste GT é propor um espaço para reflexão sobre o som e a escuta sob o binômio físico-simbólico que os constituem, considerando os novos significados gerados pela sobreposição de universos sonoros que antes eram mais setorizados (casa/escola/trabalho/rua/comunidade/evento/luto). Essa reflexão atenta para as propriedades físicoacústicas dos sons e para os efeitos que eles exercem sobre corpos socialmente equipados para performar escutas ativas e plurais. Como processo inerente à prática musical e sonora, a escuta ganha contornos variados em contextos socioculturais e históricos. Ela modifica e é modificada por novas mediações tecnológicas, do advento do fonógrafo à disseminação das ferramentas de áudio digital para produção e comunicação online, que hoje são utilizadas à exaustão como antídoto para os efeitos do distanciamento social. Neste GT, a escuta e a produção sonora são centrais na constituição de experiências de identidade e alteridade. Em muitos contextos, a escuta estabelece uma prática participativa e convergente, que (re)constitui sentidos de pertencimento social e fundamenta reivindicações coletivas. Em outros, produz e se relaciona ao estranhamento, divergência, conflito, disputa política e violência. O acesso fisicoacústico ao campo constitui a mediação inicial para o sentido da escuta que, por sua vez, poderá, por análise e interpretação, identificar relações ocultas, silenciadas, forçadas ou indesejadas com determinados sons, práticas musicais e praticantes. Assim, de forma complementar aos estudos do som e da escuta como fenômenos humanos e seus desdobramentos sociais, culturais, políticos e éticos, o GT convida à participação interessados a trazer para o centro do debate também as maneiras como essas questões podem se relacionar à ecologia, acústica, fisiologia e aspectos de saúde física e mental.
A partir dessa contextualização, convidamos à submissão propostas que interroguem e/ou sejam propositivas sobre tais aspectos, a partir de alguns eixos e abordagens possíveis (e não estanques):
O GT foi criado a partir de inquietações dos autores, sobretudo com relação às maneiras como a área da Etnomusicologia tem abordado – ou ignorado – questões sobre o som fisicoacústico. O GT recebeu 4 propostas de trabalho de autores brasileiros e aconteceu em sessão única.
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